quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Projeção - Conversa do Filme Il sogno mio d'amore

No dia 10 de janeiro 75 alunos e sete professores assistiram no Cinema Ideal ao filme Il sogno mio d’amore​ (2018), de Nathalie Mansoux e Miguel Moraes Cabral. Depois da projeção e debate com os realizadores almoçámos na Praça Luís de Camões, na Baixa de Lisboa. Sentados na base da estátua do poeta, ou olhando-a, e ao som de música.



O filme entra pelo Conservatório de Música de Lisboa, uma escola antiga com graves problemas de desinvestimento no edifício (que é ainda mais antigo) e na própria escola. Mostra-nos a aprendizagem da música filmando a relação professor aluno, num conjunto de sequências que voltam a esta relação. O professor e professora envolvidos no trabalho de transmissão e o aluno ou aluna que repete, repete, inicialmente num exercício mimético, para depois se descobrir na sua própria interpretação.

Cinema Ideal, com os realizadores Nathalie Mansoux e Miguel Moraes Cabral (10 jan)



O momento de perguntas e respostas conduziu a um debate muito rico, que passou por questões de cinema; por motivações pessoais; pelos papéis desempenhados pelos realizadores; pela possibilidade de observação da relação professor aluno ou escola ao longo de 4 anos de filmagens; pelas dificuldades e oportunidades para a rodagem.

As questões de cinema são incontornáveis num filme como este. A duração dos planos e cenas foram um desafio. Os realizadores contaram-nos sobre a dificuldade de fazer escolhas para montar uma hora e meia de filme a partir de 300 horas. 

Talvez o fio condutor destas escolhas esteja na resposta à questão “porquê este título?”. A primeira questão colocada. Para os autores permanecer na escola filmando permitiu perceber o valor da experiência de ensinar e de aprender, o observar do constante aprimoramento, da repetição intencional em que nos construímos como aprendizes, para nos libertamos como intérpretes ou compositores.

Mais tarde, em Sala de aula, os alunos voltaram a ter oportunidade de expressar a sua perceção do filme. Quando questionados sobre “um momento / cena do filme que os tenha emocionado”  e os estímulos dessa emoção (a música,  a interpretação, a aprendizagem e ensino da interpretação,  a ação participativa em assembleia) a resposta é quase sempre afirmativa. Começam ou voltam a surgir as cenas que os prenderam. Alguns, poucos, gostaram muito. A estes, o filme impele a entrar mais na música, na arte. Outros, a maioria, revela ter gostado, mas expressa uma sensação de estranheza (no sentido de oposição ao que é familiar). Para um grupo mais pequeno o filme é detestável e impossível de se gostar,  mas ainda assim capaz de nos emocionar, de nos transportar para o lugar momento que os realizadores quiseram mostrar.

Neste debate podemos observar: i) a compreensão do filme como obra artística, criada com uma intencionalidade e num contexto cultural específico; ii) a capacidade de, a partir da experiência do filme, reinterpretar sentidos dados mundo; iii) a capacidade de através da experiência do filme ver para além do filme, incluindo a capacidade de se questionarem a si mesmos.

Foram também estabelecidas pontes entre o espaço urbano percorrido e os conteúdos da disciplina de Geografia (ligados ao estudo do espaço urbano, funções urbanas e mobilidade).

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